Encontro dos amantes do Chorinho, género nascido do Rio e sublimado por Pixinguinha...

Este estilo de música popular brasileira é praticado também em Lisboa!

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2006

Aqui vai uma pequena biografia de Ernesto Nazareth, compositor mto tocado em rodas de choro

(Ernesto Júlio de Nazareth) / Rio de Janeiro, RJ 1863 - 1934
Por: Maria do Carmo Nogueira da Gama (texto)e Adalberto Carvalho Pinto (discografia)

Ernesto Nazareth, considerado o fixador do tango-brasileiro, o Rei do Tango, nasceu no Rio de Janeiro, em 20.03.1863 e faleceu nessa mesma cidade, em 04.02.1934. Começou os estudos de piano com sua mãe, Carolina da Cunha Nazareth. Com sua morte, em 1873, passou a estudar com Eduardo Madeira. Em 1877, estudando no Colégio Belmonte - foi colega de Olavo Bilac - iniciou suas composições. Sua primeira música foi a polca-lundu "Você Bem Sabe," dedicada a seu pai, Vasco Loureiro da Silva Nazareth. O professor, encantado com a obra, mostrou-a a Arthur Napoleão, que a editou e divulgou.
Teve ainda aulas de piano com Lucien Lambert e se tornou profissional. Compunha, lecionava e vivia do piano. Suas partituras era vendidas aos milhares, mas não lhe garantiam a sobrevivência, pela falta de ordenamento dos direitos autorais. Em 14 de julho de 1886, casou-se com Teodora Amália de Meireles, e a ela dedicou a valsa Dora, inédita até então.
"Brejeiro," composto em 1893, uma de suas composições mais famosas, é considerado o marco do tango brasileiro. Em razão de dificuldades financeiras, Nazareth vendeu os direitos dessa peça para a Editora Fontes e Cia. por 50.000 réis, o qual chegou a ser gravado pela banda da Guarda Republicana de Paris. Embora tenha composto obras as quais denominou de tango-brasileiro, Nazareth fazia uma diferenciação entre o choro e o tango-brasileiro, esta por ele considerada música pura. Seus tangos-brasileiros têm a indicação metronômica de M.M. semínima igual a 80 batidas, já no choro, a indicação é de 100 batidas. Para mostrar essa diferença, Nazareth compôs o choro "Apanhei-te Cavaquinho." Foi uma das únicas composições que ele considerou como choro. O mesmo entendimento tinham Chiquinha Gonzaga, Antonio Calado, Alexandre Levy e outros.
Assim como Rachmaminoff, Nazareth tinha as mãos muito grandes, o que lhe facilitava compor e tocar acordes acima de uma oitava, o que torna difícil a interpretação de sua obra, no piano, por aqueles cujas mãos tem um tamanho normal.
Em 1898 realizou seu primeiro concerto no salão nobre da Intendência de Guerra, por iniciativa do Clube São Cristovão, do Rio de Janeiro. Trabalhou no Tesouro Nacional, como escriturário. Em 1917 morre sua filha, Maria de Lourdes, considerado o primeiro abalo dos inúmeros pelos quais passou em sua vida. Nesse mesmo ano, atuou como pianista na sala de espera do Cine Odeon, que foi por ele inaugurado. As pessoas lotavam para ouvi-lo tocar, mais do que propriamente para ver o filme. Em 1910 já compusera o tango-brasileiro "Odeon," inspirado naquele cinema. Em 1919 começou a trabalhar na Casa Carlos Gomes (mais tarde Carlos Wehrs). Executava as partituras que os fregueses se interessavam em comprar.
Compôs fox-trots, sambas e até marchas de carnaval, por um breve período, em 1920. Em 1922 interpretou "Brejeiro," "Nene," "Bambino" e "Turuna" no Instituto Nacional de Música, por iniciativa de Luciano Gallet. Participou como pianista, em 1923 da inauguração da Rádio M.E.C. (antiga Rádio Sociedade do Rio de Janeiro). Durante quase todo o ano de 1926 apresentou-se em São Paulo, capital e interior. Seus admiradores se uniram e deram-lhe um piano italiano de cauda Sanzin, que faz parte do acervo do Museu da Imagem e do Som, no Rio de Janeiro. Nessa ocasião, Mário de Andrade fez uma conferência sobre sua obra na Sociedade de Cultura Artística, de São Paulo, SP. Retornou ao Rio de Janeiro em 1927, já apresentando sinais da surdez. Em 1929, morre sua mulher, o que lhe provocou profundo abalo.
Gravou para a fábrica Odeon, em 1930, o tango-brasileiro "Escovando" e o choro "Apanhei-te Cavaquinho." Em 1932, fez várias excursões, principalmente para o sul do Brasil. Com o agravamento da surdez, tocava debruçado sobre o piano para conseguir ouvir sua própria música. Em 1933, apresentou graves perturbações mentais e foi internado no Instituto Neurosifilis da Praia Vermelha, sendo posteriormente transferido para a Colônia Juliano Moreira.
No ano seguinte fugiu e foi encontrado, 4 dias depois, afogado em uma represa. Há uma lenda segundo a qual ele teria sido encontrado morto debaixo de uma cachoeira. A sua postura era impressionante. Estava sentado, com a água lhe correndo por cima, com as mãos estendidas, como se estivesse tocando algum choro novo, que nunca mais poderemos ouvir... (Juvenal Fernandes, in Ernesto Nazareth, Antologia, Ed. Arthur Napoleão Ltda. AN-2087/88). Dele, disse Villa-Lobos: "Suas tendencias eram francamente para a composição romântica, pois Nazareth era um fervoroso entusiasta de Chopin." Querendo compor à maneira do mestre polonês e não possuindo a capacidade necessária para uma perfeita assimilação técnica, fez, sem o querer, coisa bem diferente e que nada mais é do que o incontestável padrão rítmico da música social brasileira. De qualquer maneira, Nazareth é uma das mais notáveis figuras da nossa música.
Entre os grandes admiradores da obra e da atuação como intérprete de Ernesto Nazareth, citam-se Arthur Rubinstein, o russo Miercio Orsowspk, Schelling (que levou suas composições, exibindo-as nos Estados Unidos e Europa), Henrique Oswald e Francisco Braga. Serviu de tema e de inspiração a Luciano Gallet, Darius Milhaud, Enani Braga, Villa-Lobos, Lorenzo Fernandez, Francisco Mignone e Radamés Gnatalli.
Faz parte do repertório de Eudóxia de Barros, Arnaldo Rebelo, Homero Magalhães, Ana Stella Schic, Roberto Szidon e Artur Moreira Lima, cujas interpretações eruditas dão à sua obra uma nova dimensão. Maria Tereza Madeira (piano) e Pedro Amorim (bandolim), lançaram, em 1997 o CD Sempre Nazareth, pela Kuarup. Ainda nesse ano foi lançado o CD-Rom Ernesto Nazaré, o Rei do Choro (selo CD-Arte), com mais de 300 imagens do compositor, depoimentos, notas, discografia, músicas, além de um álbum com 11 partituras para piano das suas principais obras. Ernesto Nazareth significa uma caso raro de ligação entre o erudito e o popular: não é um erudito, na acepção da palavra, nem é um compositor apenas popular. Ora se percebe em sua obra um toque chopiniano, especialmente nas valsas, ora a vibração de uma polca ou de um choro entranhados do espírito brasileiro.
Algumas obras
Ameno Resedá (polca), If I Am not Mistaken (fox-trot), Cavaquinho, por que Choras (choro), Desengonçado (tango), Dengoso (maxixe), Encantador (tango-brasileiro), Rayon d'Or (polca-tango), Genial (valsa), Helena (valsa); No Jardim (1. A Caminho, 2. Preparando a Terra, 3. A semente, 4. O plantio - inacabado), marcha infantil, inédita. Expansiva (valsa); Resignação, valsa inédita.
Discografia- Radamés e Aida Gnattali interpretam Nazaret & Gnattali, 1993, Rádio Mec, Kuarup Discos M-KCD-065
- Ernesto Nazaré, Artur Moreira Lima (4 vols), 1994-1995, Discos Marcos Pereira 0019/020
- Brasil: Obras de Ernesto Nazareth e Darius Milhaud, 1996, Marcelo Bratke, Olympia 946062
- História da Música Popular Brasileira, Abril Cultural (nas 3 edições)
Bibliografia
Enciclopédia da Música Brasileira, Art Editora-PubliFolha, 1998
Ernesto Nazareth, Antologia, Ed. Arthur Napoleão Ltda.
Nova História da Música Popular Brasileira, Abril Cultural, 1977

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006

Chorinho no dia dos namorados...


A próxima Roda no Cefalópode é dia 14 de Fevereiro, "Dia dos Namorados"...
O amor vai estar no ar e esta é uma música perfeita para os amantes...

Esta é a primeira Roda organizada nos novos moldes de divulgação, a saber: apenas divulgamos na programação geral uma Roda por mês; todas as outras são realizadas informalmente (e não obrigatoriamente à terça-feira), e apenas divulgadas neste blog ou por convite directo. Este mês este é o encontro "oficial" da Roda!

Uma noite cheia de chorões e enamorados...

Choro nº1 de Villa-Lobos em versão jazz

Sexta dia 25 de Fev. no Sítio do Cefalópode:
Aquarela Jazz Quartet
(Jazz fusão)
Composições originais de Luis Silva e Aquarela, e de alguns compositores convidados a escrever para a banda, principalmente de Rafael Fraga. E duas versões: primeira, Choro nº1 de Villa-Lobos; segunda, uma canção de berço de Arganil (popular), "Vai-te embora ó papão".
Luís Silva – saxofones e guitarra
Rui Rolo - baixo eléct.
Augusto macedo - piano
Pedro
Alsklin – bateria

sábado, 4 de fevereiro de 2006

Divulgação, regularidade, mobilidade

Questão da regularidade versus divulgação
Esta questão é complicada para nós quando se trata de divulgação: como divulgar a Roda se esta pode não acontecer? Normalmene há Roda todas as terças, mas se por vezes alguns não podem... como fazemos? Se a divulgação já está feita para todas as terças...

A ideia do Diniz (bandolim), de anunciar “Noite de Choro” em vez de “Roda...” é boa e má, porque se por um lado nos iliba de quando a Roda não acontece, por outro lado não divulga a Roda...

A nossa proposta é a seguinte:
• Divulgar publicamente a “Roda de Choro” apenas para um dia por mês.

• Interessa que nesse dia haja o compromisso dos participantes em não deixar ficar mal a Roda nem o Cefalópode...
Fica na agenda!
No dia anunciado ao público, tudo faremos para que seja uma boa Roda, muito participada...

• Nos outros dias a Roda acontece informalmente e sem estar anunciada ao público.


Mobilidade versus regularidade
É bom manter a regularidade - mesmo dia da semana - tanto para os músicos como para o público. Mas quando não se consegue na Terça, como fazer? Normalmente salta-se uma semana, ou procura-se um local alternativo para ensaiar noutro dia... Mas agora teremos outras alternativas, pois...
• Por motivos alheios à Roda, a actividade de poesia “O Reverso da Palavra” (quartas) vai passar a ser apenas uma vez por mês, e mesmo as actividades de quinta-feira serão mais variadas ou esporádicas, pelo que passará a haver dias livres (sem programa).
• Isto permitirá uma maior mobilidade da Roda quando não poder ser à Terça. (Nesse caso, basta espreitar a programação e telefonar a confirmar se dá...)
• O facto de passar a haver apenas uma Roda divulgada publicamente, permite também que as restantes possam ser em outro dia da semana quando necessário.
E permite também divulgar ainda melhor esse dia específico...

quem, como, onde, porquê????

Este blog foi criado pelo colectivo Cefalópode - Produções c/ pés & cabeça
www.cefalopode.com , que gere a intensa programação cultural que está sempre a acontecer no Sítio do Cefalópode.

O Sítio do Cefalópode, em Lisboa, é o local onde se reúne a Roda de Choro, normalmente às terças (desde que haja quorum!)... O Sítio do Cefalópode tem a seguinte morada: Largo do Contador-Mor 4B, 1100 Lisboa (ao Castelo). Apareçam, amantes e curiosos do Choro, para ouver, ou mesmo para participar, se tocam algum instrumento. O instrumentário do Choro costuma incluir violão de 7 cordas, violões de 6 cordas, cavaquinho, o pandeiro e como solistas, o clarinete, o bandolim, a flauta transversal. Este é o modelo clássico. Estes, aliás, são os instrumentos que costumam aparecer na nossa Roda, embora já tenha aparecido também uma voz esporadicamente... Depois tem outros instrumentos q podem aparecer, como o contrabaixo, o saxofone, o trompete, trombone, o violão tenor, o acordeão, o violino...

Portanto, a Roda é de participação livre, é um círculo aberto, para quem toque algum destes instrumentos...

Todos os participantes da Roda podem escrever para este Blob (artigos, opiniões, fotos, recomendar discos, recomendar concertos, etc.). Cada participate receberá o respectivo log in e password de acesso à edição do Blog. Além do mais é uma forma de divulgar e valorizar a Roda de Choro:
Aumentando o interesse da actividade, divulgando e informando sobre as actividades da Roda e afins, sobre o Choro, etc.
Permite também estarmos ligados ao mundo, linkar páginas sobre Choro estrangeiras, receber feedback de músicos e melómanos noutras paragens da blogosfera...
Permite divulgar concertos e projectos dos músicos da Roda... E, o que é desejável, projectos saídos do movimento da Roda...
Inclusivamente, servirá para que os leitores sejam informados dos dias em que haverá ou não haverá Roda...
E sobretudo permitirá a fácil comunicação e troca de experiência entre os participantes da Roda e outras pessoas interessadas...

Apareçam e participem!